quarta-feira, 22 de junho de 2011

Indecisão



Talvez seja a sonoridade da voz,
O timbre certo.
Talvez seja o jeito de andar,
Passos discretos.
O olfato aguça o paladar, deixo em segredo
Pele marcada, respiro ofegante, dois corpos negros.

Encontros casuais, desejos sexuais
Toques em extinção, olhares sem permissão.

É proibido, mas ele insiste.
É perigoso, mesmo assim ela se permite.
É intenso, momentâneo e efêmero
Intervenção de sentimentos, saber lidar com a causa e o efeito.

Talvez seja o conforto que seus braços lhe oferece,
Afago.
Talvez seja um sentimento muito precoce,
Entusiasmo.
Talvez seja o toque, a reação dos poros.
O instante do choque – Olhos nos olhos!

Talvez sejamos nós em momentos distintos
E a nossa ausência se faz abrigo.
Se é proibido, melhor não contrariar
Talvez seja mais uma fase, coisa da idade, necessidade
Ou o simples fato de nos distanciar...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Ponto Final



Não foi exclamação, nem dois pontos, nem interrogação.
Foi ponto, final e pronto.
Sem muita enrolação, sem reticências ou aspas, sem verbalização.
Foi ponto.
Pra ele? Sim.
Pra ela, não.
Entretanto, não houve tempo para um novo parágrafo e questioná-lo seria em vão.
Foi ponto e nem na mesma linha houve continuação.
Na folha de sua vida ainda havia certo espaço, mínimo de 20 linhas pra ela nunca foi algo muito fácil.
Não é só questão de pontuação, era a sua vida passada a limpo numa espécie de dissertação.
Mas pra ele bastou como um conto,
Foi ponto. Final e pronto.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Delitos



Fim da noite, fim de festa, nosso começo
Toques sem pressa, vontade de se despir sem anseio
Dançar sem ritmo certo, passo a passo seus movimentos eu aprendo
Suor escorre do rosto, suas mãos alcançam meus dedos, eu me rendo...

Sem regras e horários, só o momento
Eu, você, um certo lugar, tanto faz o contexto
Fim de tarde, a música para, eu recomeço
você me abraça me oferece peito, eu adormeço

Juntos, nos afogamos num mar de devaneios
Suas preces, minhas rezas, nossos receios
O calor ferve e as bocas já ñ possuem freios
Seu santo é fraco e você se perde entre meus seios

E entre tantos delitos e declarações
Abusamos de nós, como provam os arranhões...